page de route 20
pour l'exposition Spirits
Donau, Porto
Fumo líquido; pensar com o estômago, comer com os olhos. Entre as camadas de desordem aparente reside a dúvida.
Ponto de encontro : Donau, Bonfim. 22h, já jantados.
Atravesso a porta de vidro condensada e procuro uma mesa. Começo por comer um bolo de noz e limão de sabor plural, agridoce. Com uma pele glacê, envolvo-me na sua textura arenosa e encomendo um whisky sour. Dois, três. Deparo-me com uma presença penetrante sentada mesmo à minha frente, colada ao bar. Enquanto o meu olhar vai turvando, o seu mantém-se fixo, seguro, gentil. Impaciente, pergunto como se chama. Sem resposta, perco a esperança de qualquer interacção.
Alguém me revela o seu nome. “Oh amigo, chama-se Danúbia!
Não vê, não ouve, não come, não bebe, não fala, não fuma. Ela nem sequer está viva. Ou morta.”
Mas, afinal, quem é a Danúbia?